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Mobilização social e tecnologia: um caminho para a educação justa no Brasil

por | Comunidade Hub Manaus, Impacto Social

Texto de Luciana Travassos

Você já se questionou o quanto a mobilização social e a tecnologia, quando alinhadas, podem transformar os caminhos da educação no Brasil? Foi pensando nisso que a Minha Manaus, projeto do NOSSAS, ganhou vida na cidade de Manaus, visando justamente provocar o engajamento da população em prol de causas como a educação.

Falar sobre educação ao longo dos últimos 2 anos nos faz questionar qual parcela da população brasileira foi diretamente afetada com o ensino a distância, já que foram obrigadas a aderir a este modelo durante a pandemia. Para além das discussões sobre como as ferramentas digitais facilitam as dinâmicas e interações entre professores e alunos, é importante voltarmos uma atenção especial para como as desigualdades foram intensificadas ao longo desse período, reforçando ainda mais uma crise educacional já observada antes mesmo da pandemia.

Por conta da crise sanitária, 80% dos alunos matriculados no ensino médio naquele período (2019-2020) eram de escolas estaduais e tiveram suas aulas suspensas. Em muitos casos, a solução foi substituir as salas de aula por computadores. E, em um país onde 70% das residências das classes D e E estavam afastadas do mundo virtual (sem nenhum acesso à internet), é impossível dizer que todos os alunos teriam as mesmas chances de se preparar para o Exame Nacional do Ensino Superior (ENEM). Vale ressaltar que a dificuldade para o acesso às aulas online não foi apenas a internet, mas também a aquisição de aparelhos que pudessem proporcionar um aprendizado adequado – como celulares, tablets e computadores.

Diante disto, a força da mobilização popular foi necessária para garantir que todos os pré-vestibulandos tivessem um ENEM justo, o mínimo que fosse. Manter o calendário das provas era retroceder na luta por um ensino superior plural e democrático em nosso país. Por isso, mais de quatro mil estudantes criaram campanhas de pressão virtual para exigir dos deputados federais de seus estados que votassem pelo adiamento da prova.

Depois de mais de 150 mil pessoas cobrando, a pressão surtiu efeito e o Senado aprovou um Projeto de Lei do mesmo teor, e com isso o Ministério da Educação anunciou o adiamento da prova. Essa foi uma mobilização puxada por organizações do terceiro setor e pré-vestibulares comunitários de vários cantos do país. Tudo só foi possível graças a um modelo de atuação que ainda não estamos tão acostumados a exercer aqui em Manaus: a fiscalização e cobrança de políticas públicas.

Mas como fazer esses tipos de pedidos aos nossos representantes em casas legislativas?

A própria tecnologia e as mídias sociais estão aí para nos ajudar! Algumas formas de atuação que podem ser realizadas:

Plataformas Online

Existem muitos sites capazes de proporcionar a criação de campanhas de mobilização popular, como por exemplo: o BONDE, a Avaaz e a Change. Dentro dessas plataformas, é possível construir páginas onlines habilitadas para criação de petição e arrecadação de assinaturas para uma causa, disparo de emails diretamente para a caixa de entrada de tomadores de decisão e muitas outras funcionalidades.

Twitter

o famoso twittaço é capaz de colocar um assunto em pauta e torná-lo relevante em algum momento decisório dentro de alguma casa legislativa, já que atualmente muitos parlamentares estão presentes nas redes sociais. Nessa estratégia, a construção de um banco de tweets é necessária para que torne o processo mais ágil para as pessoas que irão se mobilizar e para que consigamos driblar um pouco o algoritmo do twitter – para que não sejam enviadas as mesmas mensagens ao mesmo tempo e a plataforma entenda como algum tipo de spam. Aqui vale criar uma planilha com diferentes opções de tweets sobre a pauta, com a hashtag da campanha e marcando os @ dos alvos da pressão. Depois é só compartilhar com as pessoas que irão fazer parte, com dia e hora marcada.

Instagram

Nesta rede social temos oportunidades diversas! Desde uma pressão direta no perfil da pessoa responsável pela mudança pública que queremos, até uma ação em conjunto com Ilustradores, por exemplo. No 1o caso, podemos escolher a última foto postada do alvo e que nem no twittaço, nos organizamos para comentar nela sobre o nosso pedido com a hashtag da campanha. Já no 2o exemplo (Ilustraço), podemos mapear e entrar em contato com ilustradores, solicitando apoio à campanha a partir de seu trabalho. Neste caso, também combinamos um dia específico para essa ação acontecer e inundar as redes.

Pressionar por mudanças em políticas públicas não é fácil, mas é nosso dever enquanto cidadãos brasileiros. Principalmente neste momento em que vivemos em um país que está sofrendo cada vez mais desmontes por conta de nossos governantes. Precisamos estar atentos e nos unir! A mobilização popular é capaz de proporcionar grandes mudanças.

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