Texto de Eduardo Marques

Se você gerencia equipes, com certeza já ouviu falar de Metodologias Ágeis! Ou talvez não. Talvez você utilize outro método como o famoso PMBOK, que funciona muito bem para projetos onde a previsibilidade e o controle sobre as variáveis são mais simples, porém quando precisamos de velocidade e capacidade de adaptação, o Agile ganha espaço, ainda mais lidando com um momento de tanta incerteza como o atual. 

Dentro das Metodologias Ágeis (onde há diversas), o Scrum é a de maior destaque. Não só por ser uma das primeiras ou uma das mais procuradas, mas por ser um sistema completo com ferramentas, valores, pilares e está em constante atualização. Dentro de tudo isso, um dos pontos que mais chama a atenção é o valor Foco. O Scrum não acredita em Multitarefa. 

Aplicando o método ágil: o que diz o “pai” Scrum?

Jeff Sutherland – o “pai” do Scrum – compartilha em seu livro A arte de fazer o dobro na metade do tempo sobre uma pesquisa de David Sanbonmatsu junto a Universidade de Utah, que procurou um grupo de pessoas com o objetivo de entender se de fato elas eram capazes de realizar diversas atividades simultaneamente, perguntando primeiramente a elas se eram capazes de, por exemplo, dirigir e falar ao telefone ao mesmo tempo. A conclusão da pesquisa é que a parte das pessoas que se declaravam como incapazes de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo falharam nos testes. Já aquelas que declararam terem a habilidade de realizar diversas atividades em paralelo… bom, elas também falharam. A única diferença entre elas era o fato de que aquelas que se declaravam como “multitarefas” tinham visões mais distorcidas da própria capacidade.

E aí? Concorda? Não? Não posso aceitar que você não concorde comigo sobre esse assunto e por isso, vou te propor a realizar uma atividade que também consta no mesmo livro citado. Separe um papel em branco, uma caneta e um cronômetro. Agora anote os número arábicos de 1 a 10, os números romanos de 1 a 10 (I, II, III, IV…) e as letras de A até J, nessa ordem e cronometrando o tempo que você leva para concluir a tarefa. O resultado deve ficar mais ou menos assim:

1 I A

2 II B

3 III C

Anote o tempo que você leva para concluir essa atividade. Agora realize a tarefa mais uma vez, porém, ao invés de realizar coluna por coluna, escreva linha por linha. Começando por 1, I, A e depois indo para 2, II, B, até chegar em 10, J e X. Faça isso novamente medindo o seu tempo. E aí, em qual das vezes você foi mais rápido? Pode responder aí nos comentários. Isso mostra a importância do foco no dia a dia. Não é sobre você conseguir realizar ou não diversas tarefas ao mesmo tempo, mas sobre a sua capacidade de desenvolvê-las com a velocidade e a qualidade necessárias para fazer certo de primeira – sem retrabalho, sem perda de tempo.

A importância do “foco” na agilidade de tarefas

Ter foco não é trivial. Uma simples notificação pode tirar completamente a nossa atenção daquilo que precisa ser feito. E aliás, tudo nos envia notificações hoje em dia. São assistentes virtuais, celulares, relógios inteligentes, boa parte dos aplicativos do seu telefone te enviam notificação – inclusive aquele que você baixou para treinar atenção plena (sem citar nomes Headspace). Muitas vezes uma “espiadinha” no nosso telefone pode fazer com que você perca ritmo e qualidade em seu trabalho. Você sai do estado de fluxo e atenção total, período onde você consegue seu máximo potencial de trabalho e, para retornar à esse estado, você pode levar de 20 até 50 minutos – isso se você não se distrair novamente nesse meio tempo.

É claro que as notificações são apenas um exemplo do que pode vir a nos distrair. No contexto de home office, elas se tornam mais presente e, é claro, que tem algumas estratégias e ferramentas que você pode adotar que vão desde pausas programadas, softwares de comunicação como o Slack – sobre o qual falamos nesse IGTV aqui – até escolher um lugar com menos distrações para trabalhar. Algumas pessoas encontram esse espaço em casa, mas optar por um coworking para variar também pode ser uma opção (inclusive, lembre da gente nessa parte). 

O foco é apenas um valor dentro do universo Scrum e ao se aprofundar nele, não significa que você precise adotá-lo por inteiro, mas com certeza ele vai te trazer insights de como melhorar seu trabalho e gerenciar seu time de forma mais adaptativa e ágil. Para aprender mais sobre o assunto, te recomendamos procurar o livro de Jeff Sutherland “A arte de fazer o dobro na metade do tempo” e continuar conectado conosco por meio de nossa comunidade para saber mais sobre essas e outras ferramentas.